Vamos nos concentrar no ensinamento da Palavra de Deus com relação ao papel do homem no lar. Mas antes de irmos diretamente a Efésios que é o foco para nosso ensino, seria bom ver primeiro 1Tessalonicenses 4.3-8:
Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus; ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo.
Creio que este texto é dirigido primordialmente para homens cristãos, embora não exclusivamente. Entre outras coisas ele trata do preparo para o casamento. Há uma diferença entre a prática do namoro e o cortejar. Tanto no meu país, os Estados Unidos, como no Brasil, há a prática do namoro onde as pessoas têm um tipo de relacionamento rápido umas para com as outras. São relacionamentos tão rasos quanto rápidos. É o tipo de relacionamento entre homem e mulher que aparece bem nas novelas brasileiras. Creio que como cristãos temos, não só a oportunidade, mas também o dever de mostrar ao mundo que temos um padrão diferente nesta área. É aqui que os pais entram como peças muito importantes ao passar ensinamentos bíblicos para os filhos. O preparo para o casamento dos filhos começa quando eles nascem, de forma que, quando se tornam adolescentes, jovens e adultos, é muito importante que os pais tornem-se ativamente interessados nos relacionamentos que seus filhos passam a ter. É isso que normalmente quer dizer o termo “cortejar”.
O princípio do cortejar é o reconhecimento da autoridade dos pais na vida dos filhos. Repito: a autoridade dos pais. Podemos encontrar literatura que fala a respeito de cortejar e onde a autoridade é colocada exclusivamente nos ombros do pai. A forma que funciona é a seguinte. Um jovem bastante nervoso e trêmulo deseja conhecer uma moça, mas ele tem que passar por cima de um obstáculo bastante grande: o pai da moça. Então ele vai até a casa para conhecer o pai da garota. O pai, quem sabe, tem bigode, cavanhaque, e dá uma olhada por cima dos óculos para o rapaz. Aquele jovem pergunta ao pai da garota se ele pode começar a ter um relacionamento com ela. Estão até fazendo filme a esse respeito hoje em dia. Parece até hilário para nós, mas eu quero incluir a mãe junto com o pai nesse processo. Há agora dois obstáculos: pai e mãe. Eu não os considero como obstáculo, mas como direcionadores sábios e abalizados.
Eu mesmo não sei o que teria feito ao tratar desses relacionamentos, especialmente de rapazes cortejando minhas filhas, sem a participação de minha esposa. Deus criou as mulheres com um sexto sentido e foi esse sexto sentido que fez com que minha esposa pudesse olhar dentro daqueles jovens que queriam cortejar nossas filhas. Freqüentemente ela tem percepções que são bem mais apuradas que as minhas. É por isso que eu quero encorajar os pais a se envolverem juntos na vida de seus filhos nesse sentido, de forma que conversem freqüentemente, abertamente, constantemente com eles a respeito de casamento. Vocês devem desencorajá-los quanto aos relacionamentos vazios e rasos, e encorajá-los desde cedo quanto aos relacionamentos sérios, lembrando-lhes que estes são sempre no Senhor.
O preparo para o casamento começa no cortejar. Quero dizer que não é bíblico um jovem crente começar um relacionamento sério com uma jovem não-crente. Isso é algo não negociável e você precisa ensinar isso a seus filhos antes que eles atinjam os dezesseis anos de idade, porque a partir dos dezesseis anos eles não vão gostar muito de aprender novas lições com relação a esses assuntos. O motivo de estarmos tratando disso quando vamos tratar sobre os homens cristãos é porque os homens são responsáveis por estipular o padrão do relacionamento no cortejar. A disposição de um jovem em conversar assuntos espirituais com a moça que está cortejando é um sinal de maturidade no Senhor. Sua disposição de ler a Bíblia e de orar por ela é um sinal de felicidade futura. Por favor, não cometa aquele triste erro de achar que no dia do casamento e daí em diante tudo vai ficar melhor. Eu ensino a homens no Seminário que vão tornar-se ministros do evangelho e tenho um ditado predileto que eles me ouvem pronunciar com freqüência: “Como é no seminário, assim acontecerá no pastorado”. Se enquanto alunos no Seminário eles não têm a sua hora silenciosa com o Senhor, não é depois no pastorado que eles vão se disciplinar a isso. Digo a esses jovens estudantes que, se eles não têm tempo para a esposa agora que são alunos do seminário, não terão tempo quando se tornarem pastores. Agora eu vou tomar esse ditado e aplicá-lo ao cortejar o casamento. Jovens, assim como é no cortejar, assim será no casamento. As suas atitudes, a forma como você trata a sua companheira no cortejar, essas atitudes não vão melhorar a partir do dia que você se casar com ela.
Muitos casamentos já são arruinados durante o cortejar, são arruinados por ações nada cristãs, por imoralidade ou ignorando as simples disciplinas da vida cristã.
Efésios 5.25-33.
Vamos ver nosso chamamento espiritual como maridos cristãos. Do versículo 25 até o versículo 28 encontramos o Preceito Norteador; nos versículos 29 ao 31 aprendemos o Princípio Fixador, e nos versículos 32 e 33 nós aprenderemos o Padrão Governador. Mais uma vez temos: um preceito, um princípio e um padrão.
1) Preceito Norteador Qual é o preceito central, o âmago, o cerne, para que os maridos o aprendam? Está no versículo 25: “Maridos, amai vossas mulheres”. Tenho certeza que vocês já aprenderam que na Bíblia há três tipos de amor. O amor eros, que é o tipo de amor que provoca os impulsos da carne, ou seja, o erotismo; há o amor fileo, que é o amor de amizade, e há o amor agape que nos relembra de João 3.16.
É frequente ouvirmos das pessoas que o amor que falamos é o amor erótico que pertence ao mundo. Isso é um tanto desencaminhador. Explico porquê. É claro e óbvio que o mundo freqüentemente expressa um amor que vai um pouco além desse amor erótico. É verdade que nas músicas que temos no mundo secular, nos filmes, programas de televisão o que é explorado é praticamente só o amor erótico e isso nos leva, como crentes, a pensar que o amor erótico não serve para crentes. Isso pode nos levar a concluir que o amor erótico não é piedoso, não é cristão e que dentro de um relacionamento cristão não pode haver amor erótico. Isso está errado. Deus é o criado do amor erótico. Ele nos criou para desfrutarmos do corpo um do outro no casamento. Precisamos entender que a graça não anula a criação, não joga no lixo a criação, ela restaura a criação. Então, no casamento existe o desejo de um para o outro, uma proximidade íntima e física de um para com o outro.
Você sabe qual é a diferença entre a sexualidade de um não-crente e a de um crente? A sexualidade cristã doa, a sexualidade incrédula recebe, puxa para si. A beleza da sexualidade cristã é que nós refletimos no nosso relacionamento físico a disposição do criador de doar-se a si mesmo.
O segundo tipo de amor que citamos (fileo), envolve o companheirismo. Espero que muitos de nós tenhamos amigos que sejam para vida inteira. Pessoas que partilham os mesmos interesses que nós, quem sabe, pessoas com quem crescemos ou pessoas que desfrutam as férias conosco. A amizade é uma dádiva de Deus. Amigos verdadeiros, genuínos, são algo muito difícil de se achar. São pessoas que nos amam a despeito das nossas falhas e são pessoas que nós amamos a despeito das falhas que elas têm. Isso também pertence ao casamento. O casamento deveria se tornar uma espécie de amizade, onde partilhamos um do outro as experiências da vida, onde partilhamos vários interesses. Sempre vejo uma das maiores contradições desse tipo de amor no casamento. É quando os maridos tiram férias ou abraçam um hobby que deixa a esposa completamente fora, ou quando a esposa tira férias ou desfruta de um hobby longe do marido. Em lugar de nos separarmos um do outro dentro do casamento, o casamento deveria nos unir mais e mais.
Porém o que é singular ao casamento cristão é o amor agape, o amor visto em João 3.16. Sabe qual é a aparência desse amor? Sabe como ele é manifestado? Não é o tipo de amor celebrado nas músicas de rock and roll, não é o tipo de amor que é exibido nas telas de cinema. O amor cristão tem a seguinte aparência: é o tipo do amor que nega seus próprios interesses e se nega a gratificar seus próprios prazeres. O marido é chamado a amar a sua esposa das três formas. O marido é chamado a amar sua esposa com amor erótico, amor filial (amigo) e amor sacrificial.
Devemos amar nossas esposas assim como Cristo amou a sua igreja e a si mesmo se entregou por ela. Nos lembramos de que as esposas são ensinadas pela palavra de Deus a serem submissas aos seus maridos. Isso significa que elas não devem tomar nenhuma atitude independente do marido. Os maridos são conclamados a amarem as suas esposas. Isso significa que o marido não deve tomar nenhuma atitude que não tenha em mente a necessidade da esposa. Eles nada devem fazer sem ter em mente o interesse da esposa. Tudo que o marido faz, tudo que o marido pensa deve visar o bem estar da esposa. Pense no relacionamento de Cristo para com a igreja. Somos desafiados a mostrar apenas uma coisa que Jesus tenha feito que não tivesse a igreja em mente. Uma coisa só! Será que conseguimos pensar em alguma coisa? A encarnação? A circuncisão? O Seu batismo no Rio Jordão? As tentações? Tudo o que Jesus fez antes, durante e depois de sua vida na terra Ele fez e faz por amor a sua igreja Esse é o tipo de amor que Jesus pede que maridos expressem para com suas esposas. “Maridos, amai vossas mulheres”. Que as necessidades da esposa sejam aquilo que impulsionem as ações e reações dos maridos cristãos.
Efésios 5: 26 e 27
“... a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
Este texto nos ensina o propósito do amor de Cristo pela igreja: santificá-la, purificá-la e apresentá-la sem defeito, sem mácula. Esse é o propósito do amor do marido para com a esposa. O propósito do amor do marido é santificar a esposa.
Vamos deixar a coisa bem clara. Cremos que só Deus nos santifica. Deus, por Sua palavra, por seu Espírito nos torna santos. Então o que quer dizer que o amor de um marido santifica a esposa? É o seguinte: santificar significa colocar à parte, de lado; significa isolar, isolar com o fim de possuir e essa é a qualidade do amor que o marido tem para com a esposa. Mais e mais ele contempla a sua singularidade e então a separa de todas as mulheres do mundo por seu amor por ela. Esse amor é um amor protetor, que a guarda de todas as suas fraquezas; é o amor que é capaz de dizer no verdadeiro sentido bíblico: você me pertence!
É isso que nossas esposas precisam ouvir, precisam saber. Nossas esposas precisam saber através do caráter do nosso amor que ela e somente ela nos pertence. Nisso está a segurança da esposa no seu casamento, nisso está o contexto onde ela pode exercitar o seu próprio chamado. Mas esse amor não só a separa, ele também alimenta, cultiva e permite que a esposa desabroche para externar e usar as suas capacidades. É assim que Cristo ama a igreja. Ele não ama a igreja porque ela todas as manhãs está linda. Ele não ama a igreja porque todas as noites ela está maravilhosa. Ele ama a igreja para torná-la assim e esse é o tipo de amor que somos convocados a dar como maridos. O nosso amor não é medido, não é dispensado proporcionalmente ao desempenho da nossa esposa, não é baseado na capacidade da nossa esposa, na habilidade que ela tem; não é dado em troca dos serviços que ela nos supre. Esse amor que estamos descrevendo não pensa primeiramente em si mesmo, mas é um amor que pensa no outro.
Vamos usar uma metáfora do mundo bancário: esse tipo de amor jamais faz saques, ele sempre faz depósitos. Será que entendemos bem isso? É o tipo de amor que não tira, não toma, ele dar, ele doa.
Quais as implicações desse preceito que estamos tratando? Sabemos que esse tipo de amor proíbe a crítica constante, a provocação, as brigas constantes com a esposa. Identificar defeitos na esposa não é algo que pertence ao homem apenas, mas o homem pode ser réu disso tanto quanto a esposa.
Voltemos à questão do cortejar. A mulher com quem você está estabelecendo um relacionamento de cortejar é o tipo de mulher a quem você gostaria de doar a sua vida inteira por ela? Você está preparado para ficar comprometido com ela com uma devoção cada vez mais crescente? O tipo de devoção que, a separa, a isola cada vez mais no sentido de a santificar e fazendo-a cada vez mais pertencente somente a você. Gostaria de ser bem específico. Cremos que é verdadeiro dizer que é para maioria dos homens que sua identidade (como homens) é encontrada fora do lar. O homem é chamado a sair para o mundo, para trabalhar e ganhar o pão de cada dia. Se eu perguntar a alguns homens: quem são vocês? Eles responderão: “Somos advogados, somos médicos, somos professores”. Mas seu eu conversar com algumas mulheres e perguntar: quem são vocês? Elas responderão: “Somos esposas e mães”. Podemos ver a diferença?
O homem não tende a se identificar através de relacionamento, e sim, através de seu chamado profissional, do seu trabalho no mundo. Mas há um perigo aqui. Você não vai muito longe no mundo, no mercado de trabalho, no mundo do marketing, das vendas, simplesmente por se dar e por se doar. No mundo há princípios que operam de forma diferente e que temos que utilizá-los. O problema é que quando voltamos para casa somos tentados a agir com os mesmos princípios que nós trabalhamos no mundo e olhamos para nossas esposas como um cliente em potencial a quem temos de convencer com nossas idéias. Ou quem sabe, nós chegamos em casa e olhamos para nossa esposa como alguém que está competindo conosco em relação ao nosso prestígio, ao nosso conhecimento. Precisamos parar com isso. Precisamos aprender a chegar em casa e tirar o paletó que usamos o dia inteiro e colocar uma outra vestimenta, a vestimenta do amor marital. Isso requer de nós que invistamos tempo juntos, como marido e mulher. É responsabilidade dos homens propiciar tempo para usufruí-lo com sua esposa, para estarem juntos, os dois à sós! Será que entendemos isso? Significa que o marido, como cabeça, vai ter que assumir a liderança e que seu relacionamento com a esposa é mais importante que seu relacionamento com seus filhos.
Temos duas sugestões a fazer: primeiro eu vamos tomar emprestado aqui uma sugestão do Dr. Martin Holdt. Ele nos falou que devemos colocar um “timer” (marcador de tempo) por quinze minutos para você fazer uma boa literatura e logo iremos gostar tanto da leitura que vamos mudar para trinta minutos. Sugiro que usemos esse mesmo “timer” para uma conversa a sós, marido e mulher, diariamente. Vamos nos sentar à mesa da cozinha e colocar o marcador de tempo em quinze minutos. À primeira vista talvez não tenhamos muita coisa a dizer um para o outro. Vamos ficar só ouvindo o barulho do reloginho fazendo tic tac, mas não vamos demorar muito e esses quinze minutos vão passar muito rápido e vamos sentir que precisamos de mais quinze minutos. É a primeira sugestão. Segunda sugestão: Nós homens nos lembramos como foi interessante, como foi motivador, como foi diferente cultivarmos o relacionamento com nossas esposas? Nós telefonávamos para elas e marcávamos encontro com elas para jantarmos juntos em um restaurante surpresa para ela. Nos vestíamos bem, íamos bem perfumados, abríamos a porta do carro para ela... Então casamos e o que aconteceu? O que aconteceu com o namoro? O que aconteceu com o romance? O que aconteceu com o elemento surpresa?
Permita-me dizer o que minha esposa e eu gostamos de fazer. Mais ou menos uma vez por mês nós planejamos uma noite a sós, só nós dois. Um mês eu planejo, outro mês ela planeja. Não dizemos um para o outro o que vamos fazer. Só dizemos um por outro como devemos nos vestir porque não queremos ir a um restaurante com roupa de banho? Nem queremos ir à praia usando terno e gravata. Uma vez em cada quatro meses passamos uma noite fora. Alugamos uma cabana ou vamos a um quarto em um bom hotel. Nossos filhos nunca vão juntos conosco, é só para nós dois. Maridos, esse é o nosso chamamento, a nossa responsabilidade. Nossas esposas precisam intensamente de nossa atenção, elas precisam do nosso romance, precisam da nossa ternura, precisam perceber e entender que sob Deus elas são “número um” em nossa vida. Maridos, amemos nossas esposas assim como Cristo amou a igreja.
2) Princípio Fixador
Vamos para o Princípio Fixador nos versículos 29-31: “Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza, como também Cristo à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá ã sua mulher, e serão os dois uma só carne”.
Aprendemos acerca disso na história da criação. A intenção de Deus é que marido e mulher tornem-se uma só carne. Temos aqui a natureza e o propósito do casamento. Na unidade encontramos a nossa identidade. Gostaria de explicar como é isso é simbolizado em algumas cerimônias de casamento nos Estados Unidos. Não é incomum em cerimônias de casamento a decoração incluir flores e velas. Mas existe um grupo de velas à frente dos noivos. São três. Elas são especiais e separadas. Como parte da cerimônia, os pais da noiva e do noivo acendem as duas velas das extremidades. A do centro fica apagada provisoriamente. À medida que a cerimônia progride, noivo e noiva trocam seus votos. Então o noivo e a noiva pegam as duas velas das extremidades e com elas ascendem a vela do centro. É a vela da unidade. Fazem isso juntos. Posteriormente eles juntos apagam as velas das extremidades ficando acessa apenas uma única vela, a do centro. Este ato é feito na cerimônia de casamento para simbolizar a unidade da verdade bíblica do casamento cristão. A unidade de marido e mulher é o suprimento de sua identidade, assim como a igreja é o corpo de Cristo. Uma unidade corporativa. A esposa pertence ao marido. Cristo outorga à igreja coisas semelhantes àquelas que o homem outorga à sua mulher. Cristo dá a igreja o Seu nome e os Seus privilégios. Cristo dá a igreja a Sua riqueza, mas também os seus sofrimentos. Da mesma forma acontece com o marido, ele dá a esposa o seu nome, a sua vida, a sua riqueza e seu sofrimento.
Nós maridos precisamos aprender a desfrutar desse tipo de unidade. Precisamos aprender a olhar para nossas esposas como parte de nós mesmos, mas isso não acontece na noite do casamento. Precisamos aprender a pensar em termos da necessidade do outro. Tanto para nós como para nossa esposa existe aquele impulso de independência, mas o que vimos até aqui nos mostra que nós nunca devemos abusar da nossa esposa, quer fisicamente, verbalmente ou emocionalmente. Jamais devemos negligenciar nossas esposas; jamais devemos ao menos fazer pressuposições negativas a respeito delas.
A essa altura devemos fazer uma pergunta às mulheres. Vocês estão tornando esse tipo de amor sacrificial possível aos seus maridos? Se o chamado da esposa é para ser submissa, o marido deve se perguntar: Será que eu sou alguém a quem é fácil alguém se submeter? E se o chamado do marido é amar a esposa, a esposa deve se perguntar: Será que eu sou uma pessoa fácil de se amar?
Casamento cristão é muito mais do que o simples se evitar o adultério. O casamento cristão é dois em um. Isso visa expressar para nós o relacionamento da Trindade.
Seria importante uma palavra aos maridos como sacerdotes do lar. É claro que não estamos aqui nos referindo ao sacerdócio Católico Romano. Aliás, o sacerdote Católico Romano, em nossa opinião, exibe uma perversão daquilo que a Bíblia ensina. Exigir que alguém adira ao celibato para servir a Deus para resto da vida contradiz frontalmente o que a Bíblia ensina. O que temos em mente é a vida dos sacerdotes do Antigo Testamento e mais claramente exibido na vida de Cristo. O que os sacerdotes faziam no Antigo Testamento? Tinham primordialmente duas responsabilidades:
a) A primeira delas era ensinar ao povo de Deus a Lei de Deus, e esse é o papel do marido cristão. Marido é sua tarefa ser o líder espiritual na sua casa, no seu lar. Você precisa ser o líder da família, ensiná-la em termos devocionais, no culto doméstico. Mas também precisa investir tempo com sua esposa, com seus filhos na meditação da Palavra, na sua leitura e memorização.
b) A segunda coisa que o sacerdote do Antigo Testamento fazia era ministrar os sacrifícios que levavam ao perdão e a reconciliação ao povo. Sabemos que o sacrifício final já foi oferecido com sacrifício de Cristo na cruz. Este foi o sacrifício final, mas o que queremos dizer é: Como sacerdotes os maridos no lar ministram a graça que vem da Cruz de Cristo. O marido ministra perdão, ensina confissão de pecado e arrependimento. Não faz isso apenas por preceito, mas também como exemplo. Os pais, os maridos, deveriam ser os líderes em aprender, vivenciar e dizer: eu errei, perdoe-me.
É triste olharmos para o cristianismo e constatarmos que é tão comum homens cristãos acharem que eles não precisam jamais pedir perdão. Num sentido muito real, nosso filhos aprendem acerca de Deus primordialmente através do pai e da mãe. Os pais devem levar seus filhos religiosamente à igreja todo domingo desde pequenos até completarem seus 20 anos de idade. Eles podem ouvir toda sorte de sermões acerca da graça e da paz com Deus, mas se não experimentarem através da vida dos pais a aceitação que vem através do perdão, eles jamais vão entender o evangelho. Os maridos precisam demonstrar isso para com sua esposa, não só estando pronto para suprir suas necessidades, mas pronto a dizer: perdoe-me, eu estou errado. As necessidades delas são a sua motivação. O amor do marido cultiva, edifica e alimenta a vida da esposa e do lar
3) Padrão Governador
Finalmente vamos falar sobre o padrão governador que encontramos em Ef 5:32,33:
“Grande é este mistério, mas eu falo em referência a Cristo e ã igreja. Todavia também vós, cada um de per si, assim ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie a seu marido”.
Estamos aqui falando sobre um mistério na Bíblia. Mistério não é algo que é não se pode conhecer, mas mistério é algo que é revelado apenas àqueles que têm fé. Esse tipo de amor, esse tipo de matrimônio é revelado apenas àqueles que têm fé. O mundo jamais entenderá o matrimônio cristão porque não pode entendê-lo. Só, aqueles que têm sua fé depositada em Cristo Jesus entendem esse tipo relacionamento. E esse é o triunfo da igreja! Ela pode anunciar isso em alto e bom som, mesmo em meio a imperfeições que ela própria tem. A idéia fundamental do texto é a seguinte: O próprio Senhor Jesus Cristo não é pleno sem a igreja. Em Efésios 1.22,23, há uma descrição feita por Deus, o Pai, sobre a exultação de Cristo Jesus: “... e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas”. É claro que a igreja é chamada de corpo. Isso para nós é muito familiar, mas a igreja aqui também é chamada de “a plenitude dEle”, ou seja, a plenitude de Jesus Cristo. Isso significa que Jesus será completo, será pleno, apenas quando todos os eleitos tiverem sido agregados à igreja.
Concluo com esse pensamento bastante importante: Se Jesus Cristo é o cabeça da igreja e a igreja é o seu corpo, o seu corpo leva as marcas do seu sofrimento, o seu corpo leva as marcas da sua identidade. Qual é essa identidade que acaba se tornando padrão para maridos e esposas? Respondo a isso com uma palavra que vem do mundo da arquitetura. Se estudarmos a arquitetura das catedrais medievais, saberemos qual é o padrão do projeto arquitetônico das igrejas das catedrais medievais. É cruciforme. Se olharmos do alto para uma catedral medieval você vai ver que o formato é de uma cruz. Esse também é o formato do casamento cristão, essa é a planta, o padrão para o casamento cristão. Como maridos e esposas, estamos sendo chamados, conclamados por Deus, para edificarmos lares cruciformes. Nós não precisamos de mais cruzes penduradas no pescoço, nós não precisamos de mais cruzes como brincos e anéis, não precisamos de mais cruzes penduradas em frente do templo de nossas igrejas, mas nós precisamos da marca da cruz em nossos relacionamentos, de forma que as pessoas que nos vêem, reconheçam que nós, marido a mulher, pertencemos um ao outro, na vida e na morte, no corpo e na alma. Que estamos em Cristo Jesus.
Amém.
Palestra proferida por Dr. Nelson Kloosterman no XIII Simpósio Os Puritanos/2004