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Foto do escritorOs Puritanos

Meu débito para com os Puritanos



Minha vida tem sido profundamente moldada e enriquecida por homens que morreram há muito tempo atrás, porém cujos ministérios estão vivos através dos seus livros. Como um teólogo, eu tenho lido vários livros sobre os ensinamentos da Bíblia, mas nenhum deles causou maior efeito em mim do que os escritos dos Puritanos e o respectivo movimento paralelo na Holanda, a “Segunda Reforma Holandesa”.

Quando jovem, eu me achei nutrido pelos escritos de Thomas Goodwin, cujos livros acerca de Cristo, o Mediador, e o coração compassivo de Cristo no céu, comoveram-me profundamente com fé e amor por Cristo. Quando adulto, alguns dos meus livros favoritos foram: “The Christian's Reasonable Service”, uma combinação de teologia e ética Reformadas escritas de uma forma acolhedoramente experiencial, de Wilhelmus à Brakel; “Spiritual Refining”, um clássico sobre o reconhecimento da obra salvífica de Deus em nossas vidas, de Anthony Burgess; e “The Letters of Samuel Rutherford”, cartas repletas de meditações sobre a beleza de Cristo, escritas por um homem que sofreu muito por Ele.

Apesar de existirem várias formas pelas quais os livros “repletos de Bíblia” dos Puritanos me influenciaram, eu gostaria de destacar três lições especiais que tenho aprendido com eles acerca da vida Cristã prática e experiencial.

1. A Prioridade do Amor

Os Puritanos não apenas recomendavam o amor, mas chamavam os Cristãos para se distinguirem em amor com um zelo (ou fervor) piedoso. Oliver Bowles disse que o zelo “é um santo ardor incendiado pelo Espírito Santo de Deus nas afeições, melhorando um homem ao máximo para a glória de Deus, e o bem da igreja”. Tal zelo não é orgulhoso ou duro, como um zelo religioso às vezes pode ser, mas é uma energia doce e gentil para fazer o bem. Jonathan Edwards escreveu, “Como alguns estão enganados sobre a natureza da verdadeira coragem por Cristo, então eles também estão quanto ao zelo (ou fervor) Cristão. Há, de fato, uma chama, mas é doce; ou melhor, é o calor e fervor de uma doce chama. A chama da qual Ele é o calor não é outra senão a do amor divino ou a caridade Cristã; que é a coisa mais doce e mais benevolente que há, ou pode haver, no coração do homem ou do anjo.”

William Ames disse que o amor pelo próximo significa que nós desejamos o seu bem “com afeição sincera e de coração” e “se esforçando para consegui-lo”. Quando nós falamos sobre estar ardendo em chamas por Deus, os Puritanos nos lembram que pode ser um fogo de amor. E eles perceberam que ninguém mais, além de Deus, pode acender e atiçar este fogo. John Preston escreveu, “O amor de Deus é peculiarmente a obra do Espírito Santo…, portanto, o caminho para alcançá-lo é orar com sinceridade… nós não somos mais capazes de amar ao Senhor do que a água fria é capaz de esquentar a si mesma… assim, o Espírito Santo deve produzir aquele fogo de amor em nós, precisando ele ser aceso do céu, ou então nós nunca o possuiremos”. Isso me conduz ao meu próximo ponto.

2. O Poder da Oração

Quando eram chamados ao ministério, os Puritanos definitivamente eram ativistas, colocando-se em longas horas de trabalho árduo para espalhar o reino. Contudo, eles também compreenderam, de uma forma prática, que todo o trabalho para o reino é um trabalho de Deus. O evangelismo ou a edificação não podem ser bem-sucedidos sem o Espírito de Deus. Thomas Watson escreveu: “Os ministros batem à porta dos corações dos homens, o Espírito vem com uma chave e abre essa porta”. John Owen disse: “O Senhor Cristo… envia o seu Espírito Santo aos nossos corações, o qual é a causa eficiente de toda a santidade e santificação — vivificando, iluminando, purificando as almas dos seus santos”.

Portanto, o nosso ministério deve ser conduzido de joelhos. Richard Baxter falou: “A oração precisa continuar no nosso trabalho tanto quanto a pregação. Alguém não está pregando vivamente ao seu povo se não está orando fervorosamente por ele. Se nós não prevalecermos com Deus para lhe conceder fé e arrependimento, não é provável que prevaleçamos com ele à fé e ao arrependimento”. Ainda, Robert Traill escreveu: “Alguns ministros com menos dons e recursos são mais bem-sucedidos do que alguns que estão bem acima deles em habilidades; não porque eles pregam melhor, mas porque eles oram mais. Muitos bons sermões são perdidos por falta de mais oração durante a sua preparação”.

3. A Busca da Santidade

No mundanismo da nossa natureza decaída, os nossos corações buscam por felicidade terrena. Quando a tristeza, o desapontamento, e a frustração inevitavelmente chagam, nós murmuramos e desonramos a Deus. Thomas Manton disse: “A murmuração vai contra a providência, sendo uma renúncia da soberania de Deus”. Watson escreveu: “A nossa murmuração é a música do diabo”. Contudo, os Puritanos reconheceram que, em Cristo, o nosso coração tem uma nova direção fundamental, sendo tal que acalenta o reino e a justiça de Deus acima de todos os tesouros terrenos.

A santidade começa e floresce com a fé em Cristo. John Flavel escreveu: “A alma é a vida do corpo, a fé é a vida da alma, e Cristo é a vida da fé”. Isaac Ambrose disse que nós devemos fixar nossos olhos em Cristo, não com um conhecimento vazio e intelectual, mas interno e experiencial, “olhando para Jesus, tal como as afeições despertadas no coração, e com os efeitos em nossa vida… conhecendo, considerando, desejando, esperando, crendo, amando, desfrutando, invocando Jesus, e em conformidade com Jesus”.

A santidade precisa ser real em nossas vidas privadas e famílias, ou não passa de um espetáculo de hipocrisia. John Trapp escreveu: “Sigam os hipócritas até suas casas, e lá vocês devem ver o que eles são”. Matthew Henry disse: “Não é suficiente vestir-se da nossa religião quando nós estamos expostos e aparecemos diante dos homens; mas devemos governar a nós mesmos, através dela, em nossas famílias”. A real santidade é um reflexo de Cristo ter sido trazido para o coração e para casa.

O amor, a oração e a santidade — estes são os ABCs (alfabeto) da vida bíblica. Eles são o próprio desenrolar e a atividade de uma fé viva em Cristo. Este é um grande motivo pelo qual eu estou em tanto débito e sou tão grato aos Puritanos: eles continuam me dirigindo de volta para o fundamento de andar com Deus por meio de Cristo.

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Joel Beeke | fevereiro 3, 2016 às 2:31 pm

http://www.joelbeeke.org/2016/02/my-indebtedness-to-the-puritans

Dr. Joel Beeke será um dos conferencistas do 25º Simpósio Reformado Os Puritanos 2016 em Maragogi, AL.

Traduzido por Marcelo Zaldini Hernandes

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