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  • Foto do escritorOs Puritanos

As mulheres podem conduzir uma oração pública?

Atualizado: 14 de dez. de 2022

Esta é uma daquelas perguntas em que somente a Escritura deve responder por nós. Existem duas passagens muito claras no Novo Testamento que tratam do assunto. Devemos sempre usar passagens como essas, que são abundantemente claras, e então prosseguir para interpretar quaisquer referências que possam ser comparativamente menos claras.


1 Timóteo capítulo 2

Paulo faz a seguinte exigência positiva em 1 Timóteo 2:8: “Quero, pois, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade”. Essa afirmação está em um contexto de ensino sobre a oração pública na qual o apóstolo lidou com: (1) tipos de oração; (2) pelo que devemos orar; (3) a razão pela qual devemos nos envolver em tipos específicos de intercessão; (4) e a própria base para a oração na obra mediadora de Cristo (1 Tm 2:1-7). O contexto mais amplo para os capítulos seguintes relaciona-se com a ordem dos assuntos na Igreja de Deus (1 Tm 3:15) e especialmente os papéis e qualificações de homens e mulheres.


O versículo 8 define o local da oração pública: é “em toda parte” ou literalmente “em todo lugar”. A Igreja em Éfeso (onde Timóteo estava trabalhando) era aparentemente composta de várias congregações, e a referência parece ser às reuniões públicas em cada lugar. É, portanto, uma declaração muito categórica que deve ser aplicada universalmente em todos os lugares onde a oração pública é oferecida. Esta é a instrução expressa do apóstolo e o requisito para cada assembleia. Paulo sabia que essas palavras iriam além de Éfeso como autoridade. Talvez ele também estivesse pensando no cumprimento de Malaquias 1:11, “Em todo lugar se oferecerá incenso ao Meu nome”.


Depois de falar sobre onde isso ocorre, o apóstolo é igualmente categórico sobre quem deve liderar a oração pública. É “homens”, literalmente “os varões” (τους ανδρας - tous andras em grego). Essa palavra grega para homens significa exclusivamente homens em oposição a mulheres, em contraste com a palavra mais geral que se refere a toda a humanidade (anthropos), como nos versos 1, 4 e 5.


Depois de abordar a forma de oração pública, “levantando as mãos santas, sem ira e animosidade”, o apóstolo estabelece ainda o contraste entre homens e mulheres na questão da oração pública. Ele passa a tratar expressamente de como as mulheres devem se comportar em reuniões públicas. Em 1 Timóteo 2:9, ele estabelece a contrapartida: “Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia... ” Não só devem vestir-se da maneira certa para o culto público, mas também devem aprender em silêncio, com submissão ao que é ensinado: “A mulher aprenda em silêncio com toda a sujeição” (1 Timóteo 2:11). Há uma conexão entre os dois, porque a maneira como nos vestimos revela nossas atitudes e nosso pensamento. Paulo explica que a base para isso vem da ordem da criação: “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva” (1 Timóteo 2:13). É evidente que liderar uma oração pública não é de forma alguma consistente com o silêncio e a sujeição. Paulo diz muito claramente: “E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio.” (1 Timóteo 2:12).


1 Coríntios 14:34-36

Essa passagem é muito semelhante àquela que acabamos de ver. O contexto mais amplo dessa passagem está igualmente relacionado à oração (especificamente em relação ao falar em línguas) e a conduta na adoração pública. Esses versículos também falam de silêncio e sujeição como o papel apropriado para as mulheres durante o culto público, em harmonia com o princípio da chefia masculina. “Que vossas mulheres fiquem caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas foram ordenados que estivessem sob a obediência, como também diz a lei ”(v.34).


A referência a “as igrejas” poderia muito bem ser equivalente a “em todos os lugares”. Evidentemente, havia também várias congregações em Corinto. Também expressa o fato de que esses são requisitos não apenas para Corinto, mas para todas as igrejas. Isso parece evidente nas palavras que precedem o versículo 34: “Porque Deus não é autor de confusão, mas de paz, como em todas as igrejas dos santos”. O versículo 36 parece retomar esse tema, rejeitando qualquer falta de uniformidade nesse ponto entre Corinto e todas as outras igrejas: “Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela exclusivamente para vós outros?" A fim de sublinhar ainda mais o requisito autorizado, Paulo continua a escrever: “Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”.


Essas duas passagens são muito claras, apesar de muitos esforços malsucedidos para contornar seu significado ou introduzir interpretações forçadas. É à luz dessas passagens claras que podemos examinar uma outra porção pertinente das Escrituras.


1 Coríntios 11:4-6

“Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar véu".


Esta passagem também trata da conduta na adoração pública. Também fala de conduta vergonhosa na adoração pública. Para uma mulher tirar a cobertura da cabeça na adoração pública é como ter a cabeça raspada — uma “vergonha” (1 Coríntios 11:6). Essa mesma palavra traduzida como "vergonha" (aischronem grego) aparece em “é uma vergonha que as mulheres falem na igreja” (1 Coríntios 14:35). Paulo está, portanto, implicitamente condenando o falar em público das mulheres, mesmo no capítulo 11, embora isso não seja totalmente detalhado nesse estágio. Isso não é necessário, porque ele irá tratá-lo de forma mais completa por direito próprio no capítulo 14. Simplesmente descrever uma prática não pode ser considerado aprovação, especialmente quando é descrito nesses termos. Na verdade, ele está descrevendo uma prática desonrosa, e é totalmente injustificável inferir que falar em público seria aceitável se uma cobertura para a cabeça fosse usada.


João Calvino expressa isso bem:


Não obstante, pode parecer desnecessário a Paulo proibir uma mulher de profetizar com a cabeça descoberta, visto que em 1 Timóteo 2.12 ele sumariamente priva a mulher de falar na igreja. Portanto, as mulheres não têm o direito de profetizar, nem mesmo com suas cabeças cobertas; e a conclusão óbvia é que para Paulo é perda de tempo prosseguir discutindo aqui a questão da coberta. A isso respondo que, ao desaprovar o apóstolo uma coisa, aqui, não significa que está aprovando a outra, ali. Pois quando as censura de profetizarem com a cabeça descoberta, ele não está absolutamente fazendo uma concessão para profetizar, senão que está protelando a censura contra esse erro para outra passagem (cap. 14). Essa é uma resposta perfeitamente adequada. Entretanto, pode-se adequar a situação plenamente bem, dizendo que o apóstolo espera das mulheres essa conduta modesta, não só no local onde toda a congregação se reúne, mas também em qualquer outra das reuniões mais formais, seja de senhoras, seja de senhores, como às vezes sucede em reuniões domésticas privadas.


Conclusão

Vimos que o Novo Testamento exige muito claramente que apenas homens conduzam a oração pública. Vale a pena observarmos que não há exemplos registrados em nenhuma parte das Escrituras de mulheres liderando orações públicas, embora estivessem presentes. Antes da lei de Moisés, parece que o chefe da família liderava na adoração e “invocava o nome do Senhor”. Nada disso deve nos levar a subestimar ou rebaixar de qualquer forma o elogio das Escrituras às orações particulares feitas por muitas "Anas" e outras, perseverando “em súplicas e orações noite e dia” (1 Timóteo 5:5).


A presença de mulheres em reuniões de oração e reuniões públicas é vital, pois todos nós nos reunimos em oração, embora apenas um conduza. Lemos em Atos 1:14 que os apóstolos “todos perseveraram na oração e na súplica com as mulheres”. Há uma menção honrosa para a presença das mulheres fiéis, mas vemos nos versos 24 a 25 que embora se diga “oraram”, ou seja, todo o grupo, evidentemente era um dos apóstolos que conduzia a oração. Em Atos 4:24 houve uma reunião para oração e “eles levantaram a voz a Deus de comum acordo”, embora claramente deva ser apenas uma pessoa que liderou em oração. O ponto aqui é que embora um fosse a boca da congregação, todos eles de comum acordo entraram nela e fizeram sua a oração. “E quando eles oraram, o lugar onde eles estavam reunidos foi abalado; e todos foram cheios do Espírito Santo” (v. 31). Nada do que observamos a respeito da liderança masculina tem a intenção de excluir as mulheres desse tipo de participação, nem do poder e da bênção que podem advir da oração pública. O que as mulheres não devem fazer é liderar em oração pública.

 

Matthew A Vogan

Igreja Presbiteriana Livre da Escócia


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