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  • Foto do escritorOs Puritanos

Moderação Cristã no Vestir — O que a Bíblia ensina?

Atualizado: 11 de dez. de 2022

“Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.” (1 Timóteo 2:9-10).


Nosso tema é Moderação Cristã no Vestir — O que a Bíblia ensina? Cristo é nosso Rei, e os Cristãos o reconhecem como tal. Isto significa que a vida como um todo deve estar sujeita à Sua Palavra. Se a Bíblia diz algo sobre a forma de vestir, e ela diz, então, cabe-nos ouvir e obedecer.

O ESCOPO DO ASSUNTO


Primeiro, não lidaremos com questões de preferência na forma de se vestir. Isto pertence ao campo da Liberdade Cristã. Algumas pessoas são mais sensíveis que outras ao arranjo, a combinação das cores, etc., do que outros. Portanto, não é papel do ministro da Palavra de Deus pronunciar-se sobre tais assuntos, pois seria extremamente insensato fazê-lo.


Segundo, no momento não lidaremos com questões de gênero, isto é, questões relacionadas às distinções do traje masculino e feminino. Não porque não haja o que dizer sobre isso, mas, porque o tema já é bastante amplo.


Terceiro, vamos nos limitar à moderação sexual no vestir. Esta é uma questão de princípio moral. O Senhor Jesus Cristo disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela”. (Mateus 5:27-28). Se um desejo lascivo como este é uma violação do sétimo mandamento, então, vestir-se intencionalmente de maneira que provoque ou estimule tal pecado, também deve ser pecaminoso. Por esta razão, o Catecismo Maior de Westminster ensina o que o sétimo mandamento nos diz sobre “moderação no vestuário” (Resposta 138) e proíbe “imoderação no vestuário” (Resposta 139).


Quarto, olharemos especificamente a questão da moderação sexual feminina. Há razão para isso. Não é que a questão da moderação sexual do vestir seja completamente irrelevante para os homens. Existem modas masculinas que são projetadas para realçar a forma corporal masculina que certamente os cristãos deveriam evitar. No entanto, o problema é maior em relação à moda feminina. E por quê isso? Porque os homens, em geral, são muito mais afetados pelo que veem, do que as mulheres. As mulheres, em geral, são afetadas por uma combinação de estímulos, diferentemente dos homens. O desejo sexual é imediatamente despertado nos homens pelo olhar. “Fiz aliança com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?” (Jó 31:1). Outros trechos da Escritura confirmam esta ênfase de que os homens pecam facilmente ao olhar para uma mulher. O Catecismo Maior de Westminster nos dá como base bíblica, nas respostas mencionadas anteriormente, o texto que começa com: “Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia” (1 Timóteo 2:9). Isto se refere especificamente ao vestuário feminino. O papel dos homens na liderança da igreja é enfatizado nos versos anteriores e depois o apóstolo se dirige às mulheres dizendo-lhes que devem se vestir com modéstia. Em seguida, ele passa a outros assuntos de ordem e decoro, governo e ofícios na igreja, no capítulo três. Outro texto mencionado pelo Catecismo Maior é Provérbios 7:10, no qual é mencionado os “enfeites de prostitutas”. E, em Isaías 3:16, constata-se que as mulheres, particularmente, são reprovadas tanto pela forma de se vestir como pelo seu comportamento. “Diz ainda mais o SENHOR: Porquanto as filhas de Sião se exaltam, e andam com o pescoço erguido, lançando olhares impudentes; e quando andam, caminham afetadamente, fazendo um tilintar com os seus pés” (Isaías 3:16).


Quinto, isto não é um ataque às mulheres; não é misoginia. Nem reflete qualquer desrespeito às mulheres, muito pelo contrário. O que queremos é destacar a dignidade das mulheres Cristãs ― afim de que não sejam desvalorizadas por se conformarem com as normas deste mundo. Visto que a Escritura se refere especificamente ao moderado traje feminino, então é certo que isto seja explicado.


Sexto, não devemos supor que haja má intenção em alguma irmã em Cristo que se vista de forma imoderada. Pois é um dever do cristão ser caridoso em seus julgamentos e atribuir as melhores intenções ao que os outros cristãos fazem. Há mulheres cristãs que não têm a menor ideia do efeito que produz nos homens, o seu modo vestir. Não devemos supor outros motivos além deste sem uma boa justificativa. Nem os jovens que lutam contra o pecado sexual, devem se amargurar e supor más intenções em suas irmãs em Cristo.


Sétimo, qualquer falha encontrada em mulheres cristãs nesta questão, deve ser vista também como uma possível falha dos maridos e pais cristãos. Os homens não devem ser covardes, mas líderes e bons governantes de suas próprias casas. Na falta de moderação nas mulheres, sendo o marido ou pai um cristão, deve ser levantada a seguinte questão: será que ele tem deixado claro o que os homens pensam? Maridos que deixam suas mulheres se vestirem de forma indecorosa, são, na melhor das hipóteses, negligentes ― talvez tenham ficado tão acostumados que se tornaram insensíveis quanto ao efeito que a aparência delas provoca nos demais homens. Os pais podem ser simplesmente fracos ao não querer explicar às suas filhas a verdade sobre a forma de vestir ou esperar até que elas saiam da linha que evidencia suas amigas; o resultado disso é um mais baixo nível no vestir. Ou, talvez, um pai pode estar tão acostumado em pensar na sua filha como uma garotinha, e assim não é capaz de ver que sua garotinha se tornou uma mulher e um objeto de desejo de outros homens.


Oitavo, este assunto nunca deve ser usado como uma desculpa para o pecado dos homens. Se um homem cobiça uma mulher que não é sua esposa, ele está pecando. O islamismo é particularmente mau em jogar toda a responsabilidade do pecado sexual masculino nas mulheres. Dr. Patrick Sookhdeo diz o seguinte a respeito da visão islâmica da mulher: “Elas são consideradas uma fonte de tentação para os homens e devem ser protegidas de suas próprias fraquezas” (Islam — The Challenge to the Church, 2006, p.32). No islamismo a culpa pelo pecado sexual é lançada totalmente sobre as mulheres. A verdade é que toda cobiça masculina é pecado e é um pecado deles. Ele só se torna um pecado da mulher se ela o provoca através da sua forma de vestir ou do seu comportamento.


Nono, a responsabilidade da mulher é limitada. Não se exige de uma mulher que evite toda a cobiça masculina, somente para se assegurar que não é ela quem está provocando. Os homens cobiçam sexualmente as mulheres, não importando como elas estejam vestidas. Mesmo que elas se vistam de saco dos pés à cabeça, os homens ainda serão capazes de adulterar no coração. O islamismo é um testemunho vivo do absurdo de se pensar que limites externos podem resolver o problema do pecado. Também é um testemunho da incapacidade da falsa religião para mudar o coração. Recentemente ficamos surpresos ao ler uma notícia acerca de missionárias que trabalham num país islâmico, onde as mulheres andam totalmente cobertas dos pés à cabeça não deixando nada à vista exceto os olhos, são constantemente assediadas no mercado local. Se as toca ou as molesta com intenções sexuais, Elas são molestadas e assediadas sexualmente, embora sua aparência esteja escondida; mesmo assim os homens ainda pecam. Martinho Lutero, antes de sua conversão, disse que quebrou o sétimo mandamento mais vezes quando estava em sua cela no monastério do que quando fora dela. O pecado pode operar no coração e na mente sem qualquer estímulo visual.


Décimo, o nosso propósito não é fazer com que as mulheres se façam excessivamente analíticas e críticas consigo mesmas, mas desejamos produzir uma consciência sã e equilibrada de se vestir para a glória de Deus ― que reflitam como se vestem. Queremos oferecer algumas orientações gerais. Não buscamos uma preocupação insana, mas um sério interesse em obedecer a Palavra de Deus. Este é o escopo de nosso assunto.

A DIFICULDADE DO ASSUNTO

Se trata de um tema constrangedor. É difícil se ouvir e ainda mais difícil se falar sobre o assunto. Este é o motivo pelo qual este assunto é mui frequentemente ignorado em círculos cristãos. É como se houvesse um enorme elefante na sala impossível de não se ver, porém ninguém se atreve a mencionar. Tanto é assim que os cristãos estão muito conscientes do problema, mas ninguém quer ser aquele a dizer algo. Os pastores naturalmente permanecem em silêncio. Afinal, aqueles que falam são vistos como radicais ou como quem tem algum tipo de problema pessoal com o assunto. Confessamos que nós mesmos não temos ousado nos aprofundar no assunto. Nos últimos 20 anos de pregação temos nos referido a isto apenas ocasionalmente. Há 11 anos temos organizado reuniões mensais após o culto e esse é o tempo que temos demorado para abordarmos o assunto. Então, o fazemos agora depois de anunciarmos o assunto com uma prévia antecedência e que ajuda bastante. Ajuda ao pastor a não adiar para outro dia, embora, seguramente seria o que alegremente desejaríamos fazer. A verdade é que a grande maioria dos homens luta contra o pecado na esfera sexual, todavia o vestuário imodesto das mulheres torna isto ainda mais difícil para eles. Provavelmente 95% dos homens admitiriam esta verdade, a não ser que fossem mentirosos. Portanto, esta é a razão pela qual este assunto deve ser abordado. Pois, se não fizermos menção dele a situação não melhorará podendo até piorar no futuro.


Em uma reunião relativamente pequena, falar sobre o tema torna-se algo incômodo. Portanto, faremos algo que normalmente não fazemos e dizemos que esta palestra está sendo gravada. Faremos assim, não porque ela não tenha aplicação para os presentes, mas porque pode ser que cada detalhe do que se diz não se aplique a todos os estão presentes. Não fique sentado aí, pensando: “De quem será que ele está falando agora?”. Caso, algo se aplique a você, receba-o em seu coração. Se não, pode ser que seja de ajuda a outra pessoa que o escute posteriormente. No entanto, todos nós precisamos ter conhecimento deste ensino bíblico e não apenas individualmente. As mulheres cristãs, mas os pais também precisam saber para ficarem alertas. Afinal, são eles que instruirão suas famílias, suas filhas a terem uma visão biblicamente correta sobre a moderação cristã no vestir-se.


Existe uma dificuldade em se definir moderação e até mesmo em se encontrar um ponto de partida. Por onde começar? Há tantas variáveis sugeridas que são praticamente impossíveis por onde abordar o tema. No entanto, se o assunto está na Escritura como um requisito para as mulheres cristãs, logo, é possível de ser abordado apesar destas variáveis o fazerem difícil. Os homens variam naquilo que os afeta a cada um, não muito talvez, porém variam. Variam fisicamente como mentalmente. Certamente, aqueles que foram criados num lar cristão e abençoado pelo Espírito de Deus desde o início de suas vidas, tendo suas mentes repletas de coisas boas, tendo rompido com os padrões de pensamentos pecaminosos, estes levam vantagem. Há ainda a perda da sensibilidade a que nos acostumamos. Uma moda que é altamente provocativa e impactante, num primeiro momento, pode se tornar relativamente banal com o passar do tempo. Veja quantas variáveis!

O que vamos fazer? Podemos traçar algumas diretrizes básicas para definir o que é vestir com moderação? Em 1Timóteo 2:9, Paulo diz que, as mulheres devem se ataviar com “traje modesto”, vestindo-se “com pudor”. A ideia é de uma adequada reserva, com recato, sobriedade, moderação ou auto controle. A segunda parte do verso discorre sobre o atrevimento com o desejo de chamar atenção, porque está vinculada ao culto público, onde a atenção e o foco devem estar em Deus. Sendo assim, uma mulher não deve se vestir de maneira que faça com que todos olhem para ela. Ainda que a segunda parte seja sobre ostentação, a primeira, com certeza inclui e tem como objetivo a questão do pudor. A luta contra o pecado nunca acaba neste mundo e certamente não termina quando vamos à igreja. Todavia, a igreja de Deus deveria ser um lugar onde homens cristãos, ainda que tenham de lutar contra o pecado, porque continuam pecadores, não sejam provocados ao pecado por suas próprias irmãs em Cristo. O ponto de partida deve ser propósito bíblico do vestir-se.

O PROPÓSITO BÍBLICO DO VESTIR-SE

Aqui é onde devemos começar ao tratar da definição do que é moderação no aspecto sexual. Ainda que não pretendamos esgotar a riqueza deste aspecto podemos formar uma idéia se iniciarmos pelo princípio. Por que nos vestimos? No inverno o motivo é, em parte, para manter o calor do corpo, mas esta não é a única razão, não é mesmo? Porque, quando está quente e faz muito calor, mesmo assim nos vestimos. Por quê? Referindo-se ao homem, antes da queda, lemos que “ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gênesis 2:25). Depois que Adão pecou, nos é dito que, “foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gênesis 3:7). E, depois, “fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (Gênesis 3:21). Deixando de lado todas as outras considerações é evidente que o propósito das roupas era cobrir, embora houvesse apenas Adão e Eva, naquele momento. O senso do pecado trouxe consigo a sentimento de que a vida não poderia agora continuar como antes; que o pecado significava haver uma necessidade de cobrir a nudez. É por isso que o naturalismo ou nudismo são negações da queda do homem, assim como as pessoas que participam destes movimentos, também o negam. O principal propósito do vestir-se, então, é cobrir a nudez.


Deixemos claro alguns pontos antes de resumir o que podemos aprender com este princípio bíblico a respeito da finalidade básica de se vestir.


Primeiro, a beleza feminina foi dada por Deus e isto é para ser reconhecido sem nenhuma vergonha. A própria Escritura reconhece a beleza de Sara, Raquel e das filhas de Jó. Sem dúvida elas se vestiam com extrema moderação e, apesar disso, foram contadas e reconhecidas como mulheres bonitas. Contudo, ainda que a beleza numa mulher possa se tornar motivo de orgulho, esta foi dada por Deus e, portanto, não é pecado deliberado os homens reconhecerem a beleza feminina. Afinal, a Bíblia, Palavra de Deus, assim o faz.


Segundo, a Santa Escritura não condena roupas bonitas e não exige deliberadamente um caráter monótono na forma de se vestir.


Podemos dizer, entretanto, que se uma roupa falha em não realizar a sua função básica de cobrir, então, essa forma de vestir, ainda que esteja na moda, deve ser rejeitada. Buscando o lado prático seremos mais explícitos, mas sem ser ofensivo, pois a própria Escritura por vezes é bem direta e franca e sendo isso muitas vezes necessário. Doutra sorte, tudo seria colocado em termos tão vagos que todos diriam: “Ok, está tudo bem!”, mas não se aprenderia nada e nosso encontro seria uma agradável perda de tempo. Porém, não seremos mais explícitos do que o tema na realidade exige. É necessário que saibamos do que estamos falando. E Podemos considerar três elementos que tornam o modo de se vestir indecente.

ELEMENTOS QUE CONSITUEM IMODERAÇÃO E EXEMPLOS ESPECÍFICOS


1) Um nível inadequado de exposição. Isto é bastante óbvio. Ilustraremos algumas modas que têm aparecido. A minissaia apareceu na década de sessenta e sua inventora, Mary Quant, disse o seguinte: “Foi com o propósito de tornar o sexo mais disponível... Mini-roupas são uma marca daquelas garotas que querem seduzir um homem”. Algo poderia ser mais claro que isto? As minissaias foram projetadas para serem imodestas e para tentarem os homens. Em, Isaías 47:2,3, temos a Babilônia retratada como uma mulher que se exibe: “Toma a mó, e mói a farinha; remove o teu véu, descalça os pés, descobre afinal as pernas e passa os rios. A tua vergonha se descobrirá, e ver-se-á o teu opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a homem algum”. No verso 2, retrata-se a Babilônia como acostumada a uma vida de luxúria tal qual uma rainha, porém repentinamente torna-se uma serva, tendo que atravessar o rio para chegar ao moinho, e, ao fazer isso, ela expõe suas pernas levantando a saia. O verso 3 parece ir mais além descrevendo a imagem de alguém que caiu na desgraça e nudez. Porém, no mínimo, o verso 2 quer deixar claro que mostrar as coxas era uma vergonha, mesmo em caso de necessidade, pois trata-se de uma parte do corpo que normalmente é coberta. No entanto, o uso de minissaia é feita totalmente por uma escolha pessoal. Qualquer homem dirá que a minissaia, que foi feita para promover a lascívia, cumpre exatamente este propósito.


Outra parte do corpo também comumente exposta são os seios. Eles são mencionados num contexto da fidelidade do marido à sua esposa: “Como cerva amorosa, e gazela graciosa, os seus seios te saciem todo o tempo; e pelo seu amor sejas atraído perpetuamente” (Provérbios 5:19). A exposição dos seios é prevista como algo legítimo apenas entre o marido e sua esposa, caso contrário, devem ser cobertos na presença de outros homens. Podemos concluir com segurança que o corpo da mulher, de seus seios até suas coxas, devem estar completamente cobertos em todas as circunstâncias normais na presença dos homens, exceto para seu marido, se for casada. Assim, os seios, a barriga e as pernas não devem ser expostos. A roupa deve cobri-los, estando a mulher em pé, sentada ou abaixando-se para pegar alguma coisa no chão.

2) Exposição seletiva daquilo que deve ser coberto. Não é uma questão de quantos milímetros estão expostos. Pelo contrário, é uma questão do que está sendo exposto. Observa-se várias formas: um pouco do decote, um pouco da barriga ou região glútea à mostra, uma abertura na saia mostrando um pouco das cochas, expõe uma porção do que deveria ser coberto totalmente. Não adianta dizer: “Mas é só um pouco”. Tais partes do corpo devem estar cobertas. A exposição parcial é sedutora para os homens. Se você não acredita nisso pergunte ao seu marido, pai ou irmão, cristãos. Se ele for um homem honesto, irá lhe dizer. A indústria da moda procura constantemente formas de maximizar o apelo sexual através de exposições sutis e parciais daquilo que deveria estar sempre coberto.

3) Cobrir a pele sem cobrir a forma. O mero cobrir da pele, mas marcar de modo evidente os contornos e curvas do corpo não é moderação no vestir. As técnicas têxteis têm progredido. O homem, sendo pecador, é um inventor de más novidades ou faz mau uso de certas invenções. Por exemplo, algumas calças de jeans cobrem o corpo, mas não escondem a sua forma, ainda que tecnicamente cubram a real superfície e, nem um milímetro de carne esteja exposta, de fato. Porém, certas calças são como se estivessem apenas borrifado o corpo com tinta, logo, não é um vestir moderado. O mesmo vale para tops e saias que são colantes. Homens honestos confirmarão estas coisas.

OBJEÇÕES A ESTE PADRÃO DE MODERAÇÃO

Nós não entraremos em muitos detalhes, porém, tentaremos dar algumas linhas gerais que acreditamos ter o apoio das Escrituras e a maioria dos homens honestos confirmarão. Todavia, veremos algumas possíveis objeções.


Primeira objeção: Não corremos o risco de parecer estranhos e fora de moda?

Este temor às vezes assume a forma de uma ameaça fantasma, criando a imagem para a igreja de pseudo ou neo-puritanismo. O perigo alegado é que estamos tentando impor uma maneira de se vestir pertencente ao século dezessete. Qual é a resposta para isso?


Primeiro, o vestir-se modestamente não exige ficarmos brega ou desmantelado, não há oposição ao vestir-se elegantemente. Porém, existe diferença entre vestir-se com elegância e vestir-se de forma provocante. Não são a mesma coisa. Essa distinção tem sido tão esquecidas que muitas mulheres modernas, de qualquer idade, especialmente as não-cristãs, não estão sequer cientes que tal distinção existe. Vestem-se sempre de forma imodesta até mesmo quando surge uma ocasião especial. Até mesmo em um funeral elas colocam a melhor versão da sua vestimenta imodesta usada em outras ocasiões. Nem mesmo a dignidade e a solenidade de um funeral alteram a falta de moderação básica, porque se tornou algo absolutamente normal. Há, entretanto, uma diferença importante entre se vestir bem, inclusive com roupa muito bonita, por um lado, e se vestir de forma provocante, por outro. Há uma diferença que é essencial.


Uma segunda resposta a esta objeção é ir contra a maré, é ser até estranho quando as Escrituras o exigem — é um dever: “Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão” (1 Pedro 4:4). O que é dito aqui sobre comportamento do crente também se aplica, em princípio, ao vestir. Quando a norma é pecaminosa, temos que ser anormais, ou seja, sair da norma. É realmente simples assim. É melhor ser um pouco estranho e modesto do que ser muito moderno, porém indecente. É melhor parecer incomum do que naturalmente pecaminoso. Nós, certamente devemos seguir os Puritanos em sua preocupação com a moderação no vestir, porque esta é uma exigência Bíblica, tanto para o século 17, quanto para o século 21.


No entanto, a título de ajuda, se é que ajuda, deixe-me dizer algo. O grau exigido hoje para se sair daquilo que todo mundo faz nos ditames da moda é muito menor do que nos anos de 1960 e 1970, pelo menos na Inglaterra (onde morávamos na época) e talvez aqui na Irlanda do Norte também. Naqueles dias praticamente todas as mulheres usavam minissaia. Era uma prática quase universal e fazer algo diferente era realmente parecer muito estranho mesmo. Os cristãos foram colocados diante de um dilema: ser indecente ou ser estranho. A indecência era o consenso. A minissaia tomou conta e inclusive foi extremamente difícil para os cristãos encontrarem roupas decentes, se eles as quisessem. A preocupação com a moderação absolutamente não aumentou, mas há uma uniformidade muito menor do que havia, então. Agora, mesmo as mulheres ímpias, por quaisquer razões, às vezes vestem-se de forma modesta. As mulheres piedosas podem muito bem se destacar ao fazer isto sempre, mas ainda podem usar um comprimento de saia suficientemente longa sem ser totalmente bizarro. Não era assim no passado.


Porém, a ênfase da Escritura não é para alertar-nos contra a estranheza excessiva. Não estamos defendendo que devemos ser desnecessariamente estranhos. A Escritura não está cheia de advertências, tais como, “Agora, tome cuidado para não ser muito estranho!”. Não é isso o que encontramos. Ao contrário: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Romanos 12:2). Em todo caso, onde estão aquelas roupas parecidas com as do século 17? Onde elas estão? Elas não existem ou se existem, nós ainda precisamos conhecê-las. É trivial o perigo da excessiva estranheza comparado com o da indecência — absolutamente trivial! Ainda que, haja desnecessária estranheza envolvida, isto não arruinará a igreja, mas a sensualidade, a impureza e a imundícia, estas, certamente arruinarão. É como se alguém estivesse ajustando as almofadas no sofá porque não estão arrumadas enquanto a casa está pegando fogo! Há ainda ministros que fazem as mesmas advertências tolas e absurdas sobre o perigo de exceder-nos em nossa avaliação a respeito do mundo e de vivemos num túnel do tempo, como se essa fosse a grande ameaça. Fazendo isso, eles distraem os cristãos do real perigo. Na verdade, encorajam a imoderação porque inclinam as mulheres a se preocuparem em não demonstrar ser do século 17 e pensar que os outros acham-nas estranhas. Assim acabam cedendo à indecência.

O testemunho da igreja não será destruído por causa de mulheres cristãs que sejam diferentes, mas porque mulheres cristãs se vestem como se estivessem indo para uma discoteca. Se o mundo respeita alguma coisa da igreja, é a coerência. E esta ameaça que acusa a mulher de parecer puritanas do século XVII termina desencorajando mulheres fiéis que almejam se vestir de forma Bíblica e modesta e isto entristece corações que Deus não entristeceu. Seria melhor que os pastores reservassem seu poder de fogo para o verdadeiro inimigo, para o perigo real e se prendessem à Palavra de Deus. Então se esqueceriam deste virtual e imaginário perigo e pregariam contra a falta de modéstia no vestir, como as Escrituras o fazem.


Segunda objeção: Uma mulher solteira pode dizer: “Como vou conseguir um marido se eu não me fizer atrativa? Tenho que ter o melhor visual”.


Resposta: Primeiro, vestir com modéstia não significa vestir roupas feias ou tristes. Moderação e bom gosto sempre serão "o seu melhor aspecto". Segundo, a atenção masculina que você atrai para si por vestir-se de forma indecente não vale um centavo. E qualquer marido, obtido por tais meios, não será um marido que lhe fará como esposo. Pois, um homem que é lascivo antes de se casar continuará lascivo depois das bodas. O casamento ajuda os homens a buscarem a santidade; casamento não cura os homens que não são santos. A atração sexual tem sua importância dentro do casamento, mas um homem piedoso a manterá em justa medida. Ele não sentirá necessidade de vê-la vestida de forma indecente para decidir se você seria uma boa esposa em todos sentidos, incluindo o aspecto físico. Terceiro, o vestir imodesto irá desencorajar os homens de Deus que podem estar pensando e considerando esta mulher. Ele ponderará se você é alguém sério em seguir a Cristo e, ainda, se você vai se vestir assim depois de casada. Então, não há vantagem alguma para uma mulher cristã vestir-se imodestamente. Nenhuma.

CONCLUSÃO

O propósito dessa palestra foi aplicar o que as Escrituras dizem acerca deste aspecto particular da conduta cristã. Não temos nenhuma intenção de converter-nos em um policial dentro da congregação ou de exercer um controle ferrenho como se fôssemos uma seita, nem pretendemos esgotar cada detalhe, pois não poderíamos fazê-lo. Contudo, esperamos ter dito o bastante para indicar as principais linhas de reflexão que evitarão a atual imoderação numa sociedade que despreza a Deus e que não se importa com os padrões Bíblicos; uma sociedade que acha que pode brincar com o pecado sem que ninguém saia ferido. Esta é uma grande mentira. Porém esta é a arrogância do homem do século 21, nesta parte do mundo; pensar que pode brincar com o pecado e que todo o mundo assim fará, usando regras firmadas — isto não funciona. Não funciona agora e nunca funcionará. Por outro lado, nós temos mostrado coisas que devem ser evitadas no vestir, por amor ao Salvador. O propósito não é evidenciar ninguém, mas que todos nós saibamos — não apenas nossas mulheres, mas também pais e maridos — como por em ordem esta parte da vida de tal maneira que honre ao Salvador.


Esperamos agora, se não o foi antes, que todos nós entendamos que a forma de vestir é também uma área de submissão a Cristo. Mulheres cristãs precisam de um padrão claro de moderação em seus pensamentos. Precisam estar conscientes de que não podem permitir-se seguir impensadamente cada moda que este mundo lhes proponha. A glória de Deus deve ser levada em consideração na decisão de como se vestir. Isto é o que precisamos, não é? Reconhecemos que muitas mulheres não pensam sobre este assunto e que esta é a maior parte do problema. Não lhes atribuímos más intenções, a menos que não haja alternativa. Mas agora que conhecemos, podemos começar a distinguir entre o que é bonito e elegante e aquilo que é sexualmente provocativo. O primeiro é bom, o segundo não. Ame ao Senhor, ame ao Salvador. Adorne o Evangelho de Deus nosso Salvador em todas as coisas, incluindo a forma de vestir. O Senhor Jesus Cristo sofreu e morreu para redimir seu povo de toda a iniquidade. Será que não o honraremos, então, em todas as coisas, homens e mulheres, nesta área particular do nosso vestir, que é, particularmente, aplicado às mulheres? Você não honrará e amará o Senhor Jesus Cristo que primeiro lhe amou? “Vós, que amais ao Senhor, odiai o mal” (Sl 97.10. Abandone aquilo que é errado. Apegue-se ao padrão Bíblico. Deleite-se na Lei do Senhor segundo o homem interior e na prática exterior e glorifique nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.

Amém!

 

Rev. David Silversides

Conteúdo de uma palestra proferida pelo Rev. David Silversides numa reunião de comunhão na Igreja Presbiteriana Reformada em Loughbrickland, Irlanda do Norte, em Fevereiro de 2009. A forma da palestra foi mantida. http://www.loughbrickland.org/articles.shtml

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