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Atitudes em Relação às Mulheres » Leland Ryken


Atitudes em relação às mulheres

Uma autoridade sobre a história das atitudes em relação ao amor romântico tem observado que “em qualquer cultura há geralmente uma conexão estreita entre a vida prevalescente do casamento e a sexualidade física, e a atitude adotada em relação às mulheres”.(1)

A glorificação Puritana do sexo e do casamento tinha um efeito correspondente positivo no ponto de vista com respeito às mulheres. Esta elevação do status das mulheres tem sido variadamente as doutrinas da criação e do sacerdócio de todos os santos, e ao papel da mulher como consorte num casamento de companheirismo.(2)

Qualquer que seja a razão, os Puritanos exaltavam as mulheres, especialmente no seu papel de esposas e mães cristãs. Daniel Rogers chamou a esposa de “uma verdadeira amiga” e “após a paz da alma com Deus... o amor contentamento debaixo do sol”.(3) Roberto Cleaver escreveu:

Muito verdadeiro é que as mulheres são, como os homens, criaturas racionais e têm aptidão flexível, tanto para o bem como para o mal... E embora haja algumas mulheres más e lascivas, no entanto isso não prova mais a malícia da sua natureza que a dos homens e, portanto, mais ridículos e tolos os que censuram todo o sexo por causa de alguns males.(4)

Algo do louvor Puritano às mulheres era bem obviamente uma refutação implícita aos ataques católicos medievais a elas. Volumes de escritos patrísticos haviam visto as mulheres como tentações para os homens. A atitude Puritana foi bem expressa neste conselho a maridos recém-casados:

“Tua mulher será uma bênção, nenhuma tentação; tuas liberdades serão puras para ti, e visitarás tua habitação sem pecado”.(5)

Mulheres são criaturas sem as quais não há viver confortável para os homens... são uma espécie de blasfemadores os que as desprezam e vituperam, e as chamam um mal necessário, porque são um bem necessário.(6)

Cleaver semelhante escreveu:

Uma esposa é chamada de ajudadora pelo próprio Deus, e não um impedimento ou um tal necessário, como alguns inadvertidamente o dizem... estes e tais dizeres semelhantes, pretendendo o desprezo às mulheres, alguns maliciosamente e indiscretamente vomitam fora, contrários à mente do Espírito Santo, que disse ser ela ordenada como uma ajudadora, e não uma estorvadora.(7)

Num capítulo subseqüente sobre o tópico da família Puritana, terei ocasião de registrar uma forte ênfase Puritana na liderança do marido e na subordinação da mulher. No contexto do presente capítulo, é importante notar que as idéias Puritanas sobre o sexo e casamento tiveram o efeito de mitigar a hierarquia na direção da igualdade de marital. Lawrence Stone o resume dizendo que “o desejo Puritano de preservar a autoridade masculina... foi na prática minada por um zelo Puritano pelo santo matrimônio”.(8)

Nas discussões Puritanas sobre hierarquia na relação conjugal, a palavra “igualdade” continua a aparecer. “De todas as ordens que são desiguais”, escreveu Samuel Willard, aquela de marido e mulher “chegam mais próximas de uma igualdade, e sob vários aspectos apóiam-se numa mesma base. Estes formam um par, que infere que existe paridade”.(9)

Nenhum Puritano cria mais fervorosamente na liderança do marido do que John Milton, entretanto observe como ele tenta manter a igualdade sob o guarda-chuva da hierarquia:

“O homem... a recebe dentro de uma parte desse império que Deus proclama a ele, embora não igualmente, no entanto grandemente, como sua própria imagem e glória.”(10)

De acordo com William Secker, Deus fez de Eva uma “linha paralela desenhada igual” a Adão, não criada da cabeça “para alegar superioridade, mas do lado para se contentar com a igualdade”.(11) Para Rogers, “a sujeição da qual tratamos não é escravista, mas igual e real de alguma forma”.(12) “De todos os graus nos quais há qualquer diferença entre pessoa e pessoa”, disse Gouge, “há a menor disparidade entre homem e esposa”. Ele explicou:

Embora o homem seja como a cabeça, entretanto a mulher é como o coração, que é a parte mais excelente do corpo depois da cabeça, muito mais excelente que qualquer outro membro abaixo da cabeça, e quase igual à cabeça sob muitos aspectos, e tão necessário quanto a cabeça.(13)

Tais frases não eliminam a liderança do marido. Ao contrário, mostram que o ideal Puritano do casamento de companheirismo tendia a suavizar as reivindicações de domínio masculino e a produzir uma versão iluminada da hierarquia marital.

___________

Transcrito do livro Santos no Mundo, Leland Ryken, Editora FIEL, pg 66-68

(1) Baley, Sexual Relation, p. 61. A correspondência entre as atitudes dirigidas ao sexo e às mulheres está ilustrada pela misoginia (ódio a mulheres) que prevalesceu durante a Idade Média Católica. Alguém que fez um estudo da misoginia, que “enquanto uma condenação do sexo não inclui necessariamente a misoginia, há uma conexão óbvia entre elas: aversão pelo sexo leva à aversão pelo objeto sexual” (Katharine M. Rogers, The Troublesome Helpmate: A History of Misogyny in Literature [ Seattle, University of Washigton Press, 1966], p. 8).

(2) Ulrich, Good Wives, crê que a perspectiva Puritana da esposa “baseava-se na doutrina da criação que enfatizava a igualdade de homens e mulheres” (p. 109). Roberta Hamilton, The Liberation fo Women (Londres, Allen and Unwin, 1978), escreve: “Enquanto a igualdade espiritual básica entre homens e mulheres é um princípio cristão fundamental, os protestantes dedicaram-se de forma especial a enfatiza-lo. Procedeu logicamente da doutrina do sacerdócio de todos os crentes verdadeiros” (p.66). Os Georges concluíram que “toda ênfase sobre o companheirismo entre homem e mulher... contribui para esta visão da mulher como co-adjutora de seu marido” (p. 287).

(3) Matrimonial Honour [Powell, p. 139].

(4)A Godly Form of Household Government [ Irwin, p. 76]

(5) Rogers, Matrimonial Honou [Frye, p. 159]

(6) A Meet Help [Edmund Morgan, “The Puritans and Sex”, p. 41].

(7) A Godly Form of Household Government [Irwin, p. 76]

(8) Stone, Family, p. 14

(9) A Complete Body of Divinity [Ulrich, Good Wives, p. 8].

(10) Tetrachordon [CPW,2.589].

(11) A Wedding Ring [Ulrich, Good Wives, p. 107].

(12) Matrimonial Honour [Stenton, p. 150]

(13) Of Domestical Duties [ Irwin, p.98].

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