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O Anjo do Senhor » Joel Beeke



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A DOUTRINA DE CRISTO — O ANJO DO SENHOR

Sendo a Palavra eterna e a imagem expressa do Deus invisível, Jesus Cristo é o caminho típico pelo qual Deus fala com a humanidade e aparece para ela. Isto é autoevidente no Novo Testamento, mas o Antigo Testamento também contém inúmeros testemunhos desta verdade. Ao longo do Antigo Testamento, o Anjo do Senhor é um meio pelo qual o eterno Filho de Deus fala com o homem e aparece para ele. O Filho de Deus veio em forma humana, como um Anjo do Senhor, antes da Sua vinda em carne humana, como Jesus Cristo.

O termo “anjo do Senhor” (“angel of the Lord” - versão KJV) aparece mais de cinquenta vezes no Antigo Testamento, e a frase similar “anjo de Deus” (“angel of God” - versão KJV) ocorre nove vezes (cf. Juízes 6:20-21 e 13:3,9, onde as frases são usadas como sinônimos). Enquanto algumas destas referências dizem respeito à anjos comuns (Gênesis 28:12; 32:1), muitas delas se referem a um Anjo especial. É útil notar que a palavra, em hebraico, traduzida por “anjo”, não é limitada em escopo ou alcance, como o é a palavra em inglês, “angel”. Isto significa que ela nem sempre se refere estritamente a um espírito criado e enviado dos céus. A palavra frequentemente significa simplesmente “um mensageiro”, tal como quando Jesus Cristo é chamado o “Anjo da Aliança”, que viria posteriormente em Seu templo (Malaquias 3:1).

O Antigo Testamento retrata este Anjo especial como divino, isto é, Ele é o Senhor, mas também como distinto, ou seja, Ele é exclusivo do Senhor. Estes dois pontos concordam com a compreensão da Trindade: um Senhor em três diferentes Pessoas. O Antigo Testamento demonstra estas duas verdades acerca do Anjo do Senhor, de 5 formas:

1. O Ajo do Senhor reivindica uma autoridade divina. Ele fala como Deus e jura por Si mesmo para o cumprimento da Sua aliança (Gênesis 16:10; 22:15-16).

2. O Anjo do Senhor exibe atributos divinos e realiza ações divinas. Ele possui o conhecimento que apenas Deus possui (Gênesis 16:7-8,11,13). Ele julga e redime como Deus (Gênesis 48:15-16; Juízes 5:23; 2 Samuel 24:14-17; 2 Reis 19:35).

3. O Anjo do Senhor recebe adoração divina. Ele é tratado como o próprio Deus, recebendo reverência e sacrifícios direcionados à Sua Pessoa (Êxodo 23:20-21; Juízes 6:20-21,24). Nenhum anjo comum aceitaria a adoração de um homem (Apocalipse 19:10).

4. O Anjo do Senhor é identificado explicitamente como Deus. É dito claramente que Ele é o Senhor (Gênesis 16:13; 22:12,15-18; 31:11-13; 48:15-16; Êxodo 14:19; 23:21; Juízes 6:11-23; 13:19-22; cf. Isaías 42:8).

5. O Anjo do Senhor é uma Pessoa divina distinta. Ele é evidentemente divino e ainda cuidadosamente distinguido do Senhor (Gênesis 24:7,40; 32:24-30; Êxodo 3:2-5; 23:20; Números 20:16; Josué 5:14-15; Juízes 2:1; 6:11-24; 13:2-24; 2 Samuel 24:16; Isaías 63:9; Zacarias 1:12-13).

Consequentemente, o Antigo Testamento retrata este Anjo como uma das Pessoas da Divindade. O Anjo do Senhor deve ser identificado como a segunda Pessoa da Trindade, porque Ele é o enviado que aparece em forma humana. Ele não pode ser o Pai, que é Enviador. Ele não pode ser o Espírito Santo, que não tem forma. Mais ainda, o divino Anjo do Senhor não apareceu mais depois que o Filho de Deus veio em forma humana, na Sua encarnação. Os escritores do Novo Testamento revelam uma continuidade entre a atividade do Filho de Deus, como o Anjo do Senhor, e a Sua obra como Jesus Cristo encarnado. Em ambos, Sua forma e Sua carne, o Filho de Deus realiza a sua obra messiânica redentora.

A presença do Anjo do Senhor no Antigo Testamento comunica duas verdades importantes. Em primeiro lugar, as aparições do Anjo do Senhor prepararam a igreja para o seu Cristo. A forma temporária do Anjo despertou um profundo amor e anseio do povo de Deus pela vinda de Jesus Cristo, em carne. A igreja do Antigo Testamento buscou diligentemente por seu Amado, galgando os montes, pulando sobre os outeiros, e habitando com ela (Cânticos 2:8). Em segundo lugar, as aparições do Anjo do Senhor prepararam Cristo para a Sua igreja. O Seu ministério, aliviando as misérias do Seu povo ao longo do Antigo Testamento, foi uma prévia da Sua missão messiânica. As aparições do Filho de Deus podem ser vistas como expressões de santa impaciência pela erupção da Sua presença na terra, quando Ele tomou o seu papel tríplice como Profeta, Sacerdote, e Rei do Seu povo.

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​Vigésimo Terceiro artigo da série "Grandes Doutrinas da Fé Cristã Reformada". Publicado com autorização

* The Reformation Heritage KJV Study Bible, Joel R. Beeke (editor geral), Reformation Heritage Books (RHB), Grand Rapids, Michigan, 2014, “List of In-Text Articles”. http://kjvstudybible.org

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