top of page
Foto do escritorOs Puritanos

Os Salmos Imprecatórios e a Adoração

O livro dos Salmos é um presente de Deus para sua igreja. Esses poemas são variados. Por exemplo, eles louvam a Deus (Salmo 150), exortam outros a louvar ao Senhor (Salmo 96), pedem perdão (Salmo 51), oram pela ajuda de Deus (Salmo 17), ensinam (Salmo 1) e confessam a fé em Deus (Salmo 23). O Senhor incluiu todas essas orações humanas em Sua Palavra inspirada e assim as adequou para seu povo usar na Sua adoração. Essa adequação inclui os chamados salmos imprecatórios. Ele nos permite falar o que neles está contido, quando nos dirigimos a Ele. Podemos, portanto, usá-los no culto corporativo e em nossos lares.


Ao usá-los, algo devemos ter em mente. Quando cantamos os chamados salmos imprecatórios, estamos nos dirigindo a Deus em oração. É preciso haver uma razão para tal oração, seja num sermão ou em circunstâncias pessoais, e devemos estar conscientes do contexto adequado. Para ilustrar esse momento, vejamos os salmos 137 e 139.


Com respeito ao Salmo 139, não há, em princípio, muita diferença entre a situação dos exilados na Babilônia e nossa situação atual. Estamos em uma terra estranha. Os cristãos como novas criaturas não pertencem a este mundo caído, mas aguardam uma nova criação. Esse anseio pelo novo, aperfeiçoa a nossa sensibilidade quanto à zombaria do maligno contra o Deus vivo (I João 5:19). É com justa razão que a Escritura define como Babilônia os poderes ímpios contra o Deus vivo e sua agenda — o atormentador do povo de Deus (Ap 14:8;17:5). Cânticos como o Salmo 137, lembram-nos dessa realidade. Não podemos estar em casa quando o mundo é um lugar onde Deus é ridicularizado, mas devemos nos opor a tal blasfêmia e orar pelo triunfo do nome e do reino de Deus — um triunfo que só virá através da destruição completa das forças malignas neste mundo. Quando um sermão nos leva a ver esse ponto, ou nos sentimos cercados pelos poderes do mal e ficamos tristes com o desprezo desdenhoso dado a Deus, ansiando pela Jerusalém celestial, então podemos cantar o Salmo 137. “Lembre-se, ó Senhor, do que os edomitas atuais realizam para destruir os alicerces dos princípios morais cristãos em nossa terra!” (Salmos 137:7). Deixamos ao Senhor responder a essa oração como Ele deseja. Contudo, quando Ele exercer o julgamento será terrível.


Com respeito ao Salmo 139, novamente é fácil nos colocarmos na posição do poeta. Quão maravilhosa é a grandeza do Senhor e quão bela é a obra de sua mão, quando Ele enlaça uma nova pessoa no ventre de sua mãe. E, portanto, quão indignos são aqueles por quem inúmeros abortos acontecem e milhões de vidas humanas são extintas pela rebeldia ao que Deus fez ao dar uma nova vida. Então, é possível que nós oremos: “Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso!… Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem?” (Salmo 139:19,21). Esta é uma oração de uma pessoa ofendida que vê a obra de Deus desprezada e vem em defesa de Sua honra. Como Deus responderá isso está fora de nossas mãos. Mas Deus nos permite expressar tais palavras. Elas são parte de Sua Palavra e que podem ser usadas na adoração, seja na igreja ou em nossos lares. Nosso Salvador também usou, citou e mencionou os assim chamados salmos imprecatórios (Por exemplo, Mateus 11:23; Isaías 14:13-15; Lucas 19:44; Salmo 137:9).


Ao utilizarmos esses Salmos, devemos estar muito conscientes de que a vingança pertence ao Senhor. Ele pagará em seu tempo (Dt 32:25; Hb 10:30). Não é para nos vingarmos (Ro 12:19) e fazer o que alguns justiceiros antiaborto fizeram ao aplicar a lei por suas próprias mãos.


Orar pela punição de Deus contra alguém é um pensamento que não deve surgir naturalmente ou sem muita ponderação. Não deve ser feito por motivos pessoais, mas sempre com uma perspectiva da glória de Deus. Nós, por natureza, não somos melhores do que aqueles que odeiam a Deus (Rm 3.9-18) e devemos fazer todo o possível para buscar o bem de nosso próximo, incluindo aqueles que poderíamos contar como nossos inimigos pessoais. Mas pode haver momentos e ocasiões em que cantar e orar pelo julgamento de Deus sobre os ímpios é apropriado para o bem da glória de Deus, para restringir os poderes das trevas e para a vinda de seu reino em perfeição. Devemos resistir ao espírito da época que nega a realidade do pecado, da dívida da humanidade para com Deus e só quer falar de paz, recusando-se a admitir que Satanás está em uma guerra mortal com Deus e seu povo.

 

Dr. Cornelis Van Dame (ThD). Professor de Antigo Testamento no Canadian Reformed Theological Seminary em Hamilton, Ontário, Canadá. Extraído da Revista DIAKONIA, com adaptações devidamente autorizadas.

439 visualizações2 comentários

Posts recentes

Ver tudo

2件のコメント


Mauricio Saramago
Mauricio Saramago
2022年11月26日

Infelizmente para tristeza de todos os "evangélicos" brasileiros, os louvores (musicas ou cantos) estão tomando rumos de "shows" e assim denegrindo uma das melhores maneiras de adorarmos ao Senhor que é através do canto ou louvor. Nessas eleições tivemos o desprazer de adorar um homem (o presidente) em detrimento do Senhor. Os "eruditos" sic, que se julgam o verdadeiro Jesus contemporâneo, usou e abusou de suas responsabilidades já que deveriam orar e não orientar esse o àquele candidato. A esposa do nosso presidente, se atrapalhou toda quando denegriu as imagens das pessoas (chamar um de demonio, criticar outro pelas roupas ou procedimentos etc...). O crente não deve criticar ou "falar mal" alguem, isso é pecado e crueldade com o outro.…

いいね!

Wictor Jairo
2022年11月26日

Mto bom ! 🙏🙏👏👏

いいね!
bottom of page